A História do Mauritshuis, este monumento extraordinário que foi construído para ser a casa do Conde Johan Maurits van Nassau-Siegen ( 1604-1679), bem no coração da cidade de Haia entre 1633 e 1644, possui muitas curiosidades.

Reuni algumas ao longo deste artigo para você se surpreender e incluir este exuberante museu em seu roteiro de viagem para Holanda.

Ele era primo do Príncipe Willem van Orange.
Foi o primeiro ocupante desde prédio impressionante e um marco na arquitetura da Holanda. Após a sua construção, nomeou-se a Casa de Maurício de Nassau.
A construção ocorreu enquanto ele próprio estava no Brasil como governador geral da colônia holandesa na América do Sul.

Quando Maurício retornou à Holanda em 1644, fixou residência no Mauritshuis.

Após 3 anos, partiu para a Alemanha e se tornou Stadholder ( Chefe de Governo) em Kleef.

Posteriormente, Johan utilizou sua acomodação em Haia apenas as visitas à cidade, logo a casa era frequentemente usada como acomodação temporária para convidados importantes do governo.

A casa de Maurício de Nassau

O Palácio de Açúcar e a Escravidão

Não podemos excluir a realidade da história.

O Mauritshuis ficou conhecido como Palácio de Açúcar, no século XVII pelo próprio Maurício, pois o mesmo se referia a origem de sua renda.

No Brasil, Johan ganhou muito dinheiro para a West Índia Company (WIC) com o comércio de açúcar e pessoas.

Homens e mulheres africanos escravos eram usados para o trabalho pesado no cultivo e produção da cana de açúcar.

Durante seu período de trabalho no Brasil Holandês, 24.000 pessoas foram transportadas da África para a colônia holandesa no Brasil, no estado de Pernambuco.

Em 2020, pesquisadores revelaram que Johan também fazia comércio privado que rendiam muito lucro, fora da WIC o que era proibido.

Este comércio ilícito também envolveu tráfico de pessoas como escravos.

Dois pintores de sucesso, retrataram toda a situação do Brasil Holandês, com obras espalhadas pelo mundo, de grande valor, pois mostrou como era a vida desses escravos.

São eles, Frans Post e Albert Eckhout.

E algumas de suas obras primas estão expostas na casa de Maurício de Nassau, que hoje abriga o museu em Haia.

Pintura de Frans Post no Mauritshuis em Haia — Frans Post, é o primeiro holandês e pintor europeu a pintar as paisagens brasileiras.

A arquitetura de Jacob van Campen

A casa foi projetada pelo arquiteto Jacob van Campen, assessorado por Pieter Post ( irmão de Frans Post, o pintor e avô de Rachel Ruysch, a primeira mulher pintora a ser homenageada em vida por seu trabalho brilhante de naturezas mortas.

Temos um vídeo no canal, Veja Aqui, o trabalho riquíssimo de Rachel.

Van Campen, optou por um design no estilo clássico holandês.
O Mauritshuis é o primeiro exemplo deste tipo de arquitetura na Holanda.
Como o edifício é independente, a simetria das quatro impressionantes fachadas de pedra natural se destaca.

Posteriormente, Van Campen causaria furor com a nova construção, a prefeitura em Amsterdam ( hoje, Palácio Real Holandês – acesse o vídeo do palácio, vale a visita virtual).

Não se sabe quanto custou a construção da casa de Maurício de Nassau, a hipoteca do prédio chegava a 160.000 florins na década de 1660, uma quantia astronômica quando você considera que um artesão habilidoso ganhava cerca de 250 florins por ano na época.

A hipoteca total de Maurício de Nassau, era portanto 640 vezes o salário anual de um artesão.

O interior Brasileiro

O interior original deve ter sido super especial, havia muitas madeiras tropicais e afrescos retratando paisagens brasileiras.

O grande salão do último andar estava repleto de arte e objetos que Maurício trouxe do Brasil como cocares, pedras preciosas, penas, conchas e lanças.

Pinturas da fauna e flora realizadas por Frans Post e Albert Eckhout. Duas dessas grandes pinturas estão em exibição permanente no museu.

Algumas obras de arte de Frans e Albert foram parar na mãos de Frederik III, rei da Dinamarca e estão por lá. Foram presente de Maurício.

Fogo e Restauração

Após a morte de Johan Maurits, o prédio continuou a ser usado pelo governo.

Em 1704 pouco antes do Natal, aconteceu um desastre devastador, um funcionário alcoolizado, desatento colocou fogo no prédio.

Do lado de fora, no Buitennhof, o Hofvijver o lago artificial estava congelado e a água não era suficiente para apagar o incêndio.

No fim, apenas as paredes externas estavam de pé. Os proprietários da época decidiram renovar o edifício.

O trabalho aconteceu entre 1708 à 1718, segundo os relatos os trabalhos foram mal feitos.

Durante a reconstrução, o Mauritshuis foi decorado de acordo com o gosto dos moradores, no andar térreo as salas foram decoradas em tons de dourado no estilo Luís XIV.

O artista veneziano Giovanni Antonio Pelegrini que viajava pela Europa e estava em Haia na época, pintou grandes cenas alegóricas embutidas nas paredes além de outras modificações.

Casa de Maurício de Nassau em Haia na Holanda — O magnifico Mauritshuis em Haia.

Quando a casa se transformou no museu Mauritshuis?

Em 13 de Maio de 1820, o governo holandês comprou a Casa de Maurício de Nassau com intenção de abrigar coleções.

Por decreto do Rei Willem I, em 1816 ficou conhecido como a Galeria de Imagens Real e Gabinete Real de Raridades, mas somente os reis tinham acesso a toda essa coleção.

Somente em 1875, o Mauritshuis inteiro ficou disponível para a coleção de pinturas.
Está em uso como museu desde 1822, em 2022 comemoramos 200 anos de museu.

O que podemos encontrar no Mauritshuis?

Um acervo com as maiores pinturas do século de Ouro Holandês.
Pinturas de Johannes Vermeer, Rembrandt, Carel Fabritius, Frans Hals entre outros.

Poder estar frente a frente com a Garota com brinco de pérola de Vermeer, é sentir-se hipnotizado diante de tamanha e rara beleza.

Pintura de Vermeer no Mauritshuis — A garota com brinco de pérola de Johannes Vermeer, pintura ícone dos holandeses do século XVII

O museu conta com acessibilidade, tour guiados com profissionais do próprio museu e diversas atrações para as crianças.

As exposições do Mauritshuis são um show a parte, em 2020 foram 4 exposições, afinal comemorar 200 anos como museu em funcionamento, é sinônimo de cuidado e preservação com a cultura local.

Os holandeses amam esse museu, pois como mencionado acima, tudo começou sendo uma coleção particular do rei e atualmente nós somos recebidos com o que há de melhor.

Turistas de todo mundo procuram o Mauritshuis para ver a estrela da casa: A garota com brinco de pérola, do Vermeer!

Ela tem destaque especial, e está em uma sala com outras duas pinturas de Vermeer.

Minha sugestão é que venha com tempo para poder contemplar, ainda mais se for a sua primeira viagem à Holanda.

A lojinha do museu é repleta de títulos incríveis de livros de história da arte, inclusive livros de Umberto Eco que são difíceis de encontrar, e se, você tiver sorte, eles estarão disponíveis.

Livro de história da Arte no museu Mauritshuis — Meus livros de Umberto Eco, encontrei em datas diferentes, mais trouxe pra casa para estudar

Agora que você sabe um pouquinho mais deste patrimônio, a casa de Maurício de Nassau, venha se aventurar pelas pinturas do século de ouro dos Países Baixos.

Experimente também a torta de maça, do café ou as saladas que são servidas no horário do almoço. É tudo muito gostoso!

Assim, você descansa e volta pra conferir o que faltou. O museu possui uma estrutura para receber todos os visitantes, os colaboradores falam sempre mais de 2 idiomas e são super educados.

Se aventure também pelo vídeo abaixo e vem passear um pouquinho pelo museu comigo!

Mauritshuis é um extraordinário e respeitado museu.